Carioca que mora em Mogi das Cruzes fala com as filhas no Rio após uma semana
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011Após uma semana de intensa preocupação, o carioca Gilberto Cruz Sampaio, de 40 anos, que mora na cidade Mogi das Cruzes, teve anteontem o primeiro contato com as filhas Amanda e Beatriz, de 12 e 9 anos, que estão em férias na casa do avô em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Por causa das enchentes e dos deslizamentos que arrasaram a cidade fluminense, as comunicações foram prejudicadas e Sampaio não sabia se as filhas, que nasceram em Mogi, estavam bem. Segundo ele, que nos anos 1980 morou na cidade afetada, os jornais locais avisaram dos riscos por anos a fio, e as autoridades sabiam que uma tragédia como esta poderia acontecer, mas não fizeram nada para impedi-la.
A única referência para o pai das meninas eram os noticiários, que ele acompanhava atentamente. O avô de Amanda e Beatriz mora em um dos poucos bairros que não foram afetados pelo desastre, que já matou mais de 700 pessoas na região serrana do Rio e deixou Nova Friburgo, Sumidouro, Petrópolis e Teresópolis, onde mora a avó das meninas, completamente destruídas.
Não há luz, água ou mantimentos. Cerca de 80% do comércio continua fechado e as comunicações ainda são limitadas.
Segundo Sampaio, a última semana foi de desespero e de preocupação para ele, que estava em Mogi sem notícias das garotas.
“Vi pela televisão o que havia acontecido e tentei ligar imediatamente para as minhas meninas”, contou. “Eu sabia que a casa do avô materno delas era afastada da área afetada, mas fiquei muito apreensivo quando a ligação não foi completada, pois eles estavam incomunicáveis”, desabafou Sampaio.
Os dias seguintes foram de medo e de insônia para ele. Os noticiários avisavam da impossibilidade de se chegar de carro à região e Sampaio desistiu da ideia de ir buscar as filhas.
“Apoiei-me na esperança de que elas estariam bem e a salvo, com o avô”.
Mesmo sem notícias, durante todo o tempo, a ex-esposa de Sampaio, que mora em Suzano, manteve contato direto com o pai das meninas. “Só conseguimos falar com minhas filhas ontem (terça-feira) à tarde”, disse Sampaio. “Foi um alívio para mim ouvir a voz delas e saber que estavam bem”.
Descaso
O pai de Amanda e Beatriz afirmou que os avisos sobre os riscos de deslizamentos eram divulgados constantemente em Nova Friburgo e em Teresópolis. “As autoridades locais sabiam há anos da possibilidade de um desastre, que poderia acontecer a qualquer momento”, contou. No período em que morou em Nova Friburgo, nos anos 1980, Sampaio presenciou um desastre parecido, mas não em tão grandes proporções.
“Já naquela época, as chuvas castigaram a cidade e muitas pessoas morreram”, relembrou. “As tragédias de 1982 deveriam servir como aviso para a administração da cidade”.
A mãe de Amanda e Beatriz viajou ontem para a região serrana do Rio, para buscar as meninas e visitar seus parentes. A situação das estradas melhorou, e o acesso às cidades está menos limitado. Para Sampaio, ver as meninas será um alívio. “Hoje, poderei dormir tranquilo. Minhas filhas estão bem”.
Fonte: Mogi News