Mogi das Cruzes: Ayrton Senna ganhará defensas
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012O ano praticamente nem começou e 169 acidentes já foram registrados ao longo da Rodovia Ayrton Senna, que corta o Alto Tietê. Dessas ocorrências, 48 deixaram feridos e, pior, também mortos que somaram às tristes estatísticas das vítimas fatais do trânsito. Só em janeiro de 2012, três pessoas perderam a vida numa estrada que figura como uma das melhores do Estado e é quase uma linha reta, que interliga São Paulo a Guararema e que recebe, diariamente, 168 mil veículos. Os números, no entanto, não deixam dúvidas: os acidentes aumentam a cada ano e mudam o desenho da rodovia. Agora, além dos radares em pontos estratégicos, telas anti-ofuscantes e defensas metálicas – nas laterais e nos vãos livres entre as pistas – começam a compor o cenário da antiga Trabalhadores, que teve o nome alterado para homenagear um dos principais pilotos da Fórmula 1.
A diferença é que a velocidade, marca registrada do campeão mundial nas pistas dos autódromos, está cada vez mais presente na Rodovia Ayrton Senna, onde o limite de 120 km/h é facilmente ultrapassado por motoristas que fazem da imprudência o maior inimigo de quem usa a estrada para se deslocar até o serviço ou mesmo para passear.
“O corredor tem geografia retilínea, com pistas amplas, fatores que fazem com que alguns motoristas abusem da velocidade, ultrapassando os limites permitidos ao longo da via”, avalia Sidnei Torres, gerente de atendimento ao usuário da Ecopistas, concessionária que administra o sistema Ayrton Senna/Carvalho Pinto.
Para Torres, a imprudência é o fator determinante para a ocorrência de acidentes na Ayrton Senna. A mesma avaliação é feita pelo tenente Alexandre Vieira Sant’Ana, comandante do 2º Pelotão da Polícia Rodoviária de Mogi das Cruzes.
Na prática, o modelo projetado para fazer da Ayrton Senna uma rodovia confortável e, ao mesmo tempo com condições de absorver um dos maiores tráfegos do País, é também o que a torna insegura. “Por ser uma pista dupla, em bom estado de conservação, sinalizada, com radares fixos e estáticos e câmeras em todos os pontos, ainda existem motoristas que dirigem acima da velocidade e é por esse motivo que muitos dos acidentes ocorrem. Pelo excesso de velocidade”, afirma o policial rodoviário.
De 2010 para 2011, o número de acidentes no corredor Ayrton Senna/Carvalho Pinto aumentou 1,8%, segundo estatísticas divulgadas pela Ecopistas. Foram 2.336 no ano passado, contra 2.295 no ano anterior. Mas preocupantes mesmo são os números apresentados para a extensão entre os km 30 e 68, que cortam o Alto Tietê. Nos 38 quilômetros que separam a cidade de Itaquaquecetuba de Guararema, os acidentes subiram 14% no intervalo de apenas um ano, saltando de 502 em 2010 para 572 em 2011.
Pior que isso, as três vítimas fatais contabilizadas em janeiro desse ano na Rodovia morreram em acidentes ocorridos no trecho do Alto Tietê. Duas dessas mortes completam uma semana hoje. Foi no domingo passado, às 10 horas de um dia de sol, que um carro atravessou o vão central nas proximidades do acesso para Mogi das Cruzes e atingiu de cheio o veículo da família Uehara, que vinha para um sítio em Jundiapeba. A mãe Mônica, de 32 anos, morreu no local. O filho Lucas, de apenas três anos, faleceu logo depois de dar entrada no Hospital Santa Marcelina, em Itaquaquecetuba. O pai, Nelson Uehara, ficou ferido, mas está fora de perigo. O outro filho, Dennis, de seis anos, foi operado na última quarta num hospital da Capital e seu quadro ainda inspira cuidados.
Antes disso, no dia 8 de janeiro, o ajudante Eduardo Alberto Gonçalves, de 32 anos, morreu num acidente ocorrido no km 40 da Ayrton Senna, em Itaquaquecetuba. Ele capotou com uma moto, foi parar no canteiro central da pista, onde bateu contra uma mureta. Curiosamente, esse trecho conta com defensa no vão central, ferramenta que não existe no km 44 e que poderia ter impedido que, no domingo passado, um carro atingisse o veículo dos Uehara, que vinha na pista contrária.
Fonte: O Diário de Mogi